10.20.2005

O que é isto que sentimos?


Somos respostas. Somos respostas que apenas respondem à vida. Somos vida, ela própria uma resposta sem pergunta. Lá longe lembro-me do sino calmo que iluminava o princípio. Era de noite e tinha os olhos vendados. A noite cegava-me e o dia era uma aventura sem tacto. A iluminação nascia do vazio. O vazio é uma muralha que dá prazer construir porque cai como frutos crepitantes. Geminavam as invasões atómicas dos gritos da vida. Somos respostas complicadas, somos perguntas vazias. Somos frenéticos e erráticos bombeiros da existência. A nossa água é o nosso fogo. As nossas mãos, filhas de luz, calam o som cristalino e melodioso que nos embala a vida, podendo nos dar a descobrir uma resposta a uma pergunta que julgamos existir. Mas…a pergunta, cidadãos pontos de interrogação, é o traço sublime da resposta. Vem de graça. O que a plantou não usou magias. Plantou-se com o sangue fluído da vida, uma oferta irrecusável que julgamos para nós. Por isto dizemos “eu”. Respondemos. Respostas palpitantes, sonoros silêncios que pavimentam a alma. Somos o caminho que se ergueu no princípio que existia do outro lado da vedação, vedado às nossas inquietas menções honrosas de vida, as nossas vidas. E é tão fácil! Somos os irmãos que se tiveram a si mesmos, interditos de conhecer que mãe os significa. Portanto, órfãos de perguntas, somos preferivelmente, os animais guardados por um pastor de significados numa bela noite de luar. Se a noite doer, possivelmente passaremos a eternos aventureiros em busca da pergunta perdida. Mas será que alguma vez a tivemos para se poder ter perdido? E aí, se o céu não se abrir, a pergunta nascerá mas nascerá do fogo que a água incendiou. Trava-se a resposta quando o objectivo era conhece-la. Se está mal? Ainda não sei qual a pergunta que dá origem a essa resposta…

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