12.06.2007

Quem és tu com quem eu dialogo?

Enquanto te vejo, vejo-me a tentar tratar-me da mesma forma de sempre. Procuro-me não no teu olhar mas na compreensão de que o teu olhar lança uma miríade de memórias que me relembram da minha missão. Ponto zero da vida. Reconheço-me sem que esteja preocupado em fazê-lo. Fico confuso por pareceres querer dizer que sou sempre o mesmo. Não sou produto. Sou processo. Esqueceste que me procuro dentro de mim, dentro dos teus sonhos e angústias, mesmo quando procuras procurar-me. Vazios no espaço. Longínquos no tempo e no espaço. Provavelmente nem existes. E eu procuro-te na terra que se levanta nos meus dedos. Estarás a dialogar comigo sem quereres ver que sou eu quem tu és? Enfraqueci. Nada mais que o meu rosto te ilumina. Nem as rotas com coordenadas passadas te fazem reconhecer-me. Pois, nem eu me reconheço nos meus esforços para te mudar em mim. Nada feito das sessões que progressivamente fui anulando, tentando eternizar-me. Não, não existes e enquanto não existes tenho que reconhecer que não existo...assim. Endereço-me por carta um ano antes de me ver. Escrevo de longe, longe das minhas redes prototípicas da minha subjectividade. Estou contigo neste mar infinito no qual mergulho. Tudo é meu, mesmo que aquilo que a verdade me ilude, embora sendo a minha verdade. E é tudo falso e é tudo verdade. Saí agora de casa. Volto já. Esperas?

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